sexta-feira, 1 de julho de 2011

Meu primeiro quarto.



Ah gente, qual foi o adolescente que nunca sonhou em ter um quarto só pra si?? Ainda mais quando se tem irmãos ou irmãs para dividir o quarto! Eu, na verdade, nunca dividi meu quarto com meus irmãos, mas dividi durante um tempo com minha Avó (que agora está no céu). Mas até aí tudo bem, embora ela implicasse com minhas colchas coloridas e com minhas amigas! Tadinha, a essa altura da vida ela queria um pouco de tranquilidade! Porém, isso nunca me incomodou muito não...o que me incomodava era o acesso livre que meus irmãos tinham a meu quarto! Ahhhh, uns intrusos que adoravam mexer nas minhas coisas! Meu sonho de consumo era ter um quarto com chave! Isso mesmo! Quando meu pai reformou nosso ap, ganhei um quarto novo, e com trancaaaaaaaa! Nossa que maravilha! Agora eu podia sair de casa despreocupada se eles iriam mexer nos meus armários com absorventes pra rir de mim (que coisa tola!), ou se iriam mexer nos meus vinis do Nirvana! Além do que, meu diário (que na época eram aquelas agendas gordas esturricadas de papel de bala, bombom, ingresso, bilhete dos amigos e amigas e das paqueras), estaria tudo a salvo das mãos destes curiosos!


Fiquei um pouco nostálgica ao ler uma crônica que fala justamente disso! Ter um quarto só seu!!!




Segundo a autora da crônica que li, poucas são as crianças que desde bebê tem um quarto só para elas.Se bem que, nos dias atuais isso é bem mais comum, já que os casais optam por ter um único filho (tipo eu assim). Mas, seguindo em frente com as colocações dela, ela revela exatamente o sentimento de ter um quarto só seu! A única vantagem boa de dividir o quarto com os irmãos, eram aqueles momentos em que se apaga a luz, e os monstros da nossa imaginação saem de trás da cortina ou debaixo das nossas camas! Mas como ela diz, as crianças crescem,e a necessidade de isolamento também...PRIVACIDADE, sabe como? Negociar as partes do guarda roupa e da gaveta de calcinhas, vá lá...agora, dividir as paredes nas quais queremos os pôsteres de nossos ídolos já é demais!



"O primeiro quarto é como se fosse nosso primeiro lar!" Você é que manda no pedaço, sacou? Abre a janela a hora que quiser, recebe as amigas pra devorar caixa de bis, escuta seu som, escreve cartinha sem ter alguém por trás bisbilhotando, pode até deixar uma luzinha acesa para ler um pouco antes de dormir, dançar na frente do espelho e dormir só de calcinha. Esse quarto "torna-se um lugar para exercer algo sobre o qual você já ouviu comentários entusiasmantes, porém nunca havia experimentado: LIBERDADE. Seu quarto é seu refúgio dentro da sua própria casa...é seu direito ao recolhimento, não o tempo inteiro, mas quando for necessário e tantas vezes é. Um lugar para chorar. POUCOS SÃO OS QUE TEM PRIVACIDADE PARA FICAR TRISTES. Neste mundo de vigília e patrulha constantes, é um luxo poder sofrer sem ter ninguém nos observando.



O primeiro quarto é nosso primeiro palco - e é bastidor ao mesmo tempo! *Adoro isso!!!!


É onde ensaiamos a vida que encenaremos mais adiante. No quarto testamos vários figurinos, nos maquiamos, criamos novos penteados, cantamos (...) Nosso quarto é nossa fronteira aberta, nossa zona de travessia, realidade e imaginação convivendo em paz, livres de diagnósticos rígidos: ninguém aqui é louco, apenas artista.


E o melhor de tudo isso é que por trás da cortina não há mais bicho papão, e a solidão é muito bem vinda!"




Ao ler este texto me vi nele em vários momentos. Agora vejo minha filha, que faz de tudo para personalizar seu quarto, ainda que as paredes se pareçam com as de uma rádio pirata, e suas bagulhadas se misturam nas prateleiras parecendo um bazar, ela faz do seu quarto a sua maneira de ser...


Eu me rendo aos textos de Martha Medeiros, autora desta crônica, ainda que seus textos sejam simples, mas de significativa realidade.


2 comentários:

  1. Amei ler um pouquinho de vc... tentarei ser visita constante outra vez!!
    Beijão

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  2. Nunca tive um quarto só meu,
    talvez por isso refugiava-me em qualquer lugar.
    No topo de árvores,
    andando a pé ou de bicicleta
    olhando o mar, sem ninguém à vista,
    nas festas, no meio de pessoas,
    na sala de aula...
    Por carregar esse refúgio sempre junto
    desenvolvi um mundo à parte
    que me acarreta, por vezes,
    uma dificuldade de me situar.
    Uma palavra, um som, uma cor.
    O silêncio!
    É motivo para entrar a sós em mim
    e desligar-me por instantes.

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