"Escute aqui seu jogador, a sua corda é de valor!"
Esta música é bem conhecida na roda de capoeira, mas penso que poucos capoeiristas se deram conta do significado de tal mensagem.
Não importa o segmento que se siga, tampouco a nomenclatura que se dê a um símbolo (corda, cordel, lenço de seda...), a questão é o significado que tal símbolo carrega.
A corda não serve para segurar o abadá, muito menos para servir de adorno...este símbolo vem carregado de significado e valor (para quem usa, e para o segmento ao qual representa).
Não podemos julgar o capoeira pela cor da sua corda sem conhecer seu sistema de graduação. A corda que se usa "demarca" que estágio o capoeirista está...o que ficou pra trás e o que está por vir! Pelo menos é assim que se espera!
A corda que se recebe é o reconhecimento do caminho trilhado até o momento pelo capoeirista. Deve servir de incentivo, mas sobretudo de autoavaliação!
Num tom mais poético, podemos dizer que a corda atada a cintura serve para não nos deixar perder e voar ao som mágico do berimbau!
Devemos, com certeza, almejar trocar nossa graduação, mas lembrando que não se muda somente as cores, mas transforma-se o ser capoeirista. É outra etapa que se inicia...
A corda nova tem as cores mais vibrantes que aquela já desbotada e desgastada com o tempo. É o símbolo do recomeço e um lembrete de que se tem muito a buscar...mas esse convite a novas possibilidades tem de ser reconhecido pelo próprio capoeirista e pelo meio em que ele está...senão a corda se resume a um significado...mas não a um valor!
ps: estamos vivenciando na capoeira momentos de promoção e reconhecimento dos capoeiristas, o que me instigou a refletir ainda mais sobre esta simbologia na capoeira - a graduação.
Parabéns a todos os praticantes que despertam em nós motivação e emoção!E fica aí um convite a se pensar se a sua corda é de valor!!
Salve!
O SONHO NÃO ACABOU
ResponderExcluirEscrevi um poema na areia
Cheio de nuanças
E de contratempos,
Ora inspirado pelo mar
Ora trazido pelo vento.
As ondas rebateram
Exigindo também o seu lugar,
Nem que fosse ao lado
Do ponto máximo do fim.
As gaivotas sobrevoaram
Em círculos provocantes;
Enciumadas de contemplação,
Pousaram sobre palavras-chaves,
Tornando meus versos incompreensíveis.
A noite foi surgindo sem pressa,
Permitindo que eu terminasse;
Mas a lua, cheia de inveja,
Se negou a iluminar.
Ela enfeitiçou o mar
Que sob seu encanto libertou a maré;
Enfurecido, eu a agredi em vão...
No dia seguinte, cabisbaixo,
Retornei à praia
Para ver o que tinha restado:
As ondas estavam calmas
E as gaivotas sobrevoavam felizes.
Caminhei lentamente pela areia
Quando, de súbito, meu olhar se aviltou
-Apenas uma frase o mar me deixou:
O sonho não acabou.
*Agamenon Troyan poeta brasileiro, autor do livro (O Anjo e a Tempestade)